O futuro de Miguel Oliveira no MotoGP está em dúvida, assim como o de muitos outros pilotos atualmente – tendo em conta que estão em fim de contrato com as respetivas equipas, já há um estreante confirmado para 2025 e por isso mesmo pelo menos um dos pilotos atuais ficará de fora no ano que vem.
Os resultados esta temporada podem não estar a ser os esperados por parte de Oliveira, da Aprilia ou da Trackhouse, mas isso não significa que o português não tenha argumentos fortes que jogam a seu favor. No seu palmarés desde que em 2011 chegou aos Campeonatos do Mundo tem 17 vitórias – cinco delas no MotoGP, apesar de nunca ter passado pelas motos mais competitivas em absoluto desde que se estreou na classe máxima em 2019. A isto, acrescem-se 41 pódios (sete no MotoGP). São números em linha ou até melhores do que os de vários pilotos que Oliveira enfrenta atualmente, se não, vejamos:
- Aleix Espargaró (Aprilia): 3 vitórias (3 no MotoGP), 12 pódios – Primeira época completa em 2005
- Álex Márquez (Gresini/Ducati): 12 vitórias, 42 pódios – Primeira época completa em 2012
- Brad Binder (Red Bull KTM): 17 vitórias (2 no MotoGP), 46 pódios – Primeira época completa em 2012
- Enea Bastianini (Ducati): 11 vitórias (5 no MotoGP), 44 pódios – Primeira época completa em 2014
- Franco Morbidelli (Prima Pramac/Ducati): 11 vitórias (3 no MotoGP), 27 pódios – Primeira época completa em 2014
- Jack Miller (Red Bull KTM): 10 vitórias (4 no MotoGP), 33 pódios – Primeira época completa em 2012
- Joe Roberts (Moto2): 2 vitórias, 8 pódios – Primeira época completa em 2017
- Johann Zarco (LCR Honda): 17 vitórias (1 no MotoGP, 62 pódios – Primeira época completa em 2009
- Luca Marini (Repsol Honda): 6 vitórias, 17 pódios – Primeira época completa em 2016
- Raúl Fernández (Trackhouse Racing/Aprilia): 10 vitórias, 16 pódios – Primeira época completa em 2016
Estes são alguns exemplos, sendo pilotos que na sua maioria têm praticamente tantas ou ainda mais épocas como Oliveira nos Campeonatos do Mundo. Incluímos também o seu colega de equipa atual, Raúl Fernández, e Joe Roberts – que apesar de ter chegado ao paddock bem mais recentemente é apontado como um possível candidato à Trackhouse. Mas nas suas primeiras sete épocas completas (2017-2023) o americano registou uma vitória e três pódios, enquanto Oliveira (2011-2018) já tinha nove e um total de 22 pódios.
O passado não vale lugares no presente e no futuro, num mundo em que é fulcral render a cada momento. Porém, quem sabe não esquece e com 29 anos Oliveira já mostrou o que é capaz de fazer. Tem igualmente a idade do seu lado para conseguir reagir ao momento menos bom e ainda não é demasiado antigo para ser visto de lado no mercado por esse fator.
Por outro lado, é certo que os resultados não são os esperados, mas o #88 tem apenas menos um ponto do que Fernández. Já bateu Maverick Viñales – que tem sido o piloto de referência da Aprilia em 2024 – por duas vezes em sete corridas principais. O potencial existe; é questão de tudo encaixar no sítio certo e no momento certo, e ter também um pouco mais de sorte em alguns momentos.
Cabe também dizer que Oliveira chegou à Tech3 numa fase de mudança para a KTM depois de mais de duas décadas com a Yamaha e, com o construtor austríaco, apesar das cinco vitórias, a RC16 ainda estava numa fase de crescimento. De facto, ainda hoje não é uma moto cujos pilotos alcancem regularmente pódios, assim como não é a Aprilia: os austríacos não estão no top três de uma corrida principal desde as Américas e os italianos só tiveram um pódio este ano, em Austin. Não se pode, pois, esperar que um piloto faça mais do que o potencial da moto.
Não nos parece, pois, que Oliveira tenha falta de argumentos sólidos para se manter no MotoGP em 2025. Ainda há muitas vagas disponíveis, já mostrou capacidade de reação a momentos adversos e apesar de as decisões serem tomadas em breve, ainda tem tempo para fazer prestações que não deixem dúvidas a quem decide.