O MotoGP atravessa uma fase de grande equilíbrio entre construtores e equipas, em que até equipas satélite se mostram capazes de lutar pelos lugares cimeiros – como comprova o título da Pramac no ano passado e a atual liderança do seu piloto Jorge Martín. Mesmo os construtores menos competitivos não estão radicalmente longe do topo em termos de tempos de volta, num nivelamento que nem sempre existiu. O diretor desportivo da Dorna, Carlos Ezpeleta, falou das chaves para se chegar ao cenário atual.
No Por Supuesto Podcast, o responsável espanhol começou por falar do quão essencial foi implementar um fornecedor de pneus único: ‘A primeira coisa importante que fizemos, julgo que foi passar para o pneu único. Isso é uma chave. Antes tínhamos Bridgestone, Dunlop, Michelin, todos a competirem, e era chave para nós ter um pneu único. Isso criou-se em 2009 ou 2008, creio’.
Por outro lado, segundo Ezpeleta foi importante fazer os construtores verem que um pelotão equilibrado seria vantajoso para todos os envolvidos: ‘Depois, a outra coisa era demonstrar às equipas, às fábricas de motos – porque houve um momento em que só tínhamos Honda, Ducati e Yamaha – que todos beneficiaríamos ao ter um produto muito mais renhido porque o que nos interessa realmente é a audiência global’.
O diretor desportivo da Dorna reconheceu que houve uma resistência inicial neste aspeto, havendo depois outra frente de trabalho – as motos fornecidas às equipas satélite:
– Existiu bastante resistência no início, demonstrando que não fazia falta para o negócio fazer motos como da NASA. Partamos de motores de arquitetura de um motor que vos interessa para a estrada porque vai ter mais sentido investir nesse motor porque aí tudo o que aprendam poderão usar para a estrada e será muito mais barato. E depois que eles se interessem muito por vender ou, digamos, alugar essas motos do mesmo nível que as deles às equipas cliente. É tudo isso, junto com a centralina única que foi muito importante.
Ainda há diferenças de orçamento e capacidade de investimento no MotoGP. Para Ezpeleta, a ideia é limitar os avanços quqe se podem fazer só pela questão do dinheiro: ‘Na minha opinião, é muito difícil controlar realmente o que uma empresa ou um fabricante gasta num desporto. O que é nosso trabalho é fazer com que cada milhão que se gasta não seja um segundo – que seja o mais pequeno possível. Ou seja, que faças a mínima diferença possível à base do dinheiro. E isso foi o que se conseguiu. E que as equipas vejam um valor muito grande em ter uma equipa satélite com pilotos fortes, onde possam contratar um bom piloto do Moto2, tê-lo numa satélite, para depois o levarem para a equipa deles; para poderem testar mais coisas, etc.. É o que se conseguiu e eles estão todos muito nivelados, e todos a darem um material muito forte às suas equipas satélite’.