É o pontapé da saída na Época 10 da Fórmula E, quarta desde que este campeonato de monolugares elétricos conta com o estatuto de Mundial da Federação Internacional do Automóvel (FIA). Nas grelhas de partida para as 16 corridas no calendário, 11 equipas e 22 pilotos. António Félix da Costa tem somente 32 anos, mas encontra-se entre os mais experientes na categoria – nos 116 ePrix realizados desde o arranque da competição, a 13 de setembro de 2014, em circuito citadino no Parque Olímpico de Pequim, na China, participou em 112. No currículo do português, oito vitórias, 19 pódios, oito “poles” e o título na Época 6 (2020).
O Mundial de 2024 arranca na Cidade do México, no Autódromo Hermanos Rodríguez, circuito em que António Félix da Costa nunca ganhou, mas soma dois pódios – segundo classificado em 2019 e 2020, com BMW e DS, respetivamente. Em 2023, na estreia pela Porsche, acabou na sétima posição e terminou o campeonato na nona. Este sábado, no ePrix na pista com 2,628 km e 19 curvas na capital do país norte-americano – 35 voltas, não existindo intervenções do Safety Car que obriguem a somar quilómetros à corrida, como determina o regulamento desportivo… –, “a ambição nunca muda, quero sempre ganhar e, idealmente, quero consegui-lo já no México”, disse-nos, em entrevista, o piloto do 9XX Electric com o número 13.
Félix da Costa aborda o arranque da temporada com expetativa. “O campeonato, digo-o convictamente, está ainda mais competitivo! Todas as equipas melhoraram durante o inverno, sobretudo as que estavam à porta do Top5 no ano passado, como a DS ou a Maserati. Na Porsche, também trabalhámos muito. Pessoalmente, sinto-me melhor que no início de 2023, na estreia pela equipa”, explicou o piloto de Cascais, que coloca Envision e Andretti no patamar de Jaguar e Porsche, na primeira linha dos favoritos. A Envision tem a unidade de potência da Jaguar, a Andretti conta com a da Porsche, o que sustenta a opinião.
“Como também existem muitas mudanças nos pilotos, entre entradas e saídas, e trocas de equipas, a incerteza, este ano, é ainda maior, mas o segredo do sucesso mantém-se: a consistência, somando o máximo possível de pontos em cada corrida”, disse António, que registou uma vitória, três pódios e dois abandonos nos 16 ePrix de 2023, acabando o campeonato na nona posição, com 93 pontos somados, contra os 229 do campeão, o britânico Jake Dennis, da Andretti. “Facilmente, indico sete ou oito pilotos na luta pelo título, o que não acontece noutras categorias do desporto automóvel. A beleza da Fórmula E é esta”, sublinhou.
Fórmula 1 sem reabastecimentos, Fórmula E com (re)carregamentos
Na Época 9, estreia da geração três do monolugar elétrico, que este ano realiza apenas a segunda temporada, facto que explica a ausência de mudanças tanto no regulamento desportivo como no técnico. Ainda assim, anuncia-se novidade muito importante, com a adoção do Attack Charge, paragens nas boxes durante os ePrix para recarregamentos rapidíssimos das baterias!
A ideia, talvez inspirada nos reabastecimentos que existiram na Fórmula de 1994 a 2009, é somar mais emoção às emoções da Fórmula E. E Félix da Costa manifesta-se a favor da adoção do formato: “Inicialmente, o sistema será testado apenas nos treinos, mas planeia-se introduzi-lo nos fins de semana com duas corridas a partir de Misano, na ronda 7 do Mundial. Cumpriu-se bem a missão de comunicarmos o potencial do automóvel elétrico, temos de eliminar todas as preocupações relacionadas com esta operação, demonstrando que a tecnologia, que está a evoluir de forma incrível e muito rapidamente, é cada vez mais capaz. Vamos utilizar potências quase insanas, acima de 600 kW”, exclamou, destacando a relevância da transmissão desta mensagem aos adeptos que equacionam, ainda, a compra do primeiro automóvel sem um motor de combustão interna.
Este ano, no campeonato, depois do cancelamento da corrida programada para a Índia, em fevereiro, 16 ePrix, a exemplo do que sucedeu em 2023, mas só 10 circuitos. Assim, em seis cidades, duas corridas e dois vencedores por fim de semana. Félix da Costa não é fã da fórmula: “Para os adeptos, não faz sentido. Uma não influencia a outra e, assim, a comunicação parece-me complicada. Como piloto, esta concentração tem vantagens, por reduzir muito o número de viagens”, explicou.
Piloto “zangado” e “frustrado” com “não” da Porsche ao WEC
Na Época 9, na Porsche, como calcanhar de Aquiles, as qualificações, facto que obrigou tanto Félix da Costa como o companheiro de escuderia, Pascal Wehrlein, piloto alemão com que mantém relação boa, a muitas recuperações sensacionais para terminarem os ePrix entre os primeiros. Aparentemente, os problemas estão resolvidos. Confirmando-se, caminho livre para mais pódios e vitórias: “Durante o inverno, o nosso foco esteve a 95% no desenvolvimento da capacidade do 9XX Electric numa volta. Penso que fizemos tudo bem e estamos ainda mais competitivos, mas a verdade é que não levamos muito do que preparámos para o México, por tratar-se de uma corrida muito especial, devido à altitude e ao piso de circuito que é permanente e não citadino”, lamentou
Finalmente, António Félix da Costa também abordou a não participação no Mundial de Resistência, após cinco épocas consecutivas no campeonato, com a vitória nas 24 Horas de Le Mans e o título na categoria LMP2, em 2022, como momentos mais marcantes: “Não minto! A decisão da Porsche deixou-me zangado, primeiro, e frustrado, depois, mas tenho de respeitá-la! Acredito que é possível apresentar-me em Le Mans, num Hypercar ou num LMP2, e conto regressar ao WEC em 2025”, concluiu.
O essencial do programa está concentrado no sábado, com qualificação às 15.40 horas e corrida com arranque marcado para as 20.03 horas de Portugal Continental.