É o segundo elétrico do programa E-Performance da marca alemã, e soma-se ao Taycan, introduzido em 2019. O SUV, nesta segunda geração, vende-se só como elétrico. Para o arranque da carreira, no primeiro trimestre de 2024, apenas duas versões, com o Turbo como topo de gama. Primeiras informações – e impressões – do inédito Porsche Macan Electric!
É que a Porsche, comercial e financeiramente, soma e segue, colecionando recordes tanto na produção, como na venda de automóveis. Entre as razões do sucesso da marca alemã, o fabricante europeu mais valioso do momento, depois de 2022 com receitas de 36,7 mil milhões de euros, e lucros operacionais de 6,8 mil milhões de euros, o investimento em SUV, iniciado em 2002, com a estreia do Cayenne, e consolidado em 2014, com a introdução do Macan (modelo mais vendido da casa de Weisssach entre 2015 e 2022, e que tem ainda como mérito 80% dos seus clientes serem novos para a Porsche) – combinados, os modelos representaram 58,8% do negócio no ano passado!
Paralelamente, e simultaneamente, e não só pela dependência (excessiva?) do formato automóvel da moda, Porsche comprometidíssima com programa de eletrificação muito ambicioso, que iniciou de forma mais determinada e mediática em 2019, com o Taycan. A expectativa é que os elétricos e os híbridos plug-in correspondam a cerca de 50% das vendas até 2025. Cumprindo-se este plano, em 2030, 80% dos modelos sem mecânicas de combustão interna! A estratégia E-Performance também considera a investigação da viabilidade dos combustíveis sintéticos para acelerar o processo de descarbonização.
Para Oliver Blume, o homem-forte tanto da Porsche, como do Grupo VW, esta mudança de paradigma no automóvel faz-se progressivamente, por tratar-se de uma “corrida de resistência e não de sprint”, mas a verdade é que a marca tem automóvel novo sobre a rampa de lançamento: o Macan Electric. Este SUV não substitui o original de 2014, que beneficiou de atualizações em 2016, 2019 e 2021, mas soma-se ao catálogo, propondo alternativas elétricas às versões térmicas que conhecemos. Em 2025, nos futuros 718, a ideia é propor o mesmo tipo de fórmula, também de forma temporária, para permitir a adaptação à emergência da transição energética. Também nos planos da empresa com quartel-general em Estugarda, na Alemanha, “interpretação muito desportiva do SUV” para posicionar acima do Cayenne (internamente, o modelo é conhecido pelo nome de código K1).
ESTREIA DA PLATAFORMA PPE
No Macan Electric, a designação da segunda geração do SUV da Porsche, introdução da Premium Plataform Electric (PPE), desenvolvida e fabricada em colaboração com a Audi. Também para 2024, a parceira do Grupo VW planeia dois automóveis novos nesta base, que admite tanto tração traseira como integral, e tem uma arquitetura elétrica de 800 V, o que permite, por exemplo, recarregamentos muito mais rápidos das baterias (iões de lítio): Q6 e-tron e Q6 e-tron Sportback.
A PPE, anunciou-o a Porsche, durante o encontro em Leipzig que marcou o ponto final na obra de expansão da fábrica, de forma a prepará-la para a produção do Macan Electric, empreitada que obrigou a investimento de 600 milhões de euros, admite, nesta fase de lançamento, sistemas elétricos com motores nos dois eixos, ambos apoiados por caixas automáticas de uma velocidade. Prometem-se potências combinadas próximas de 450 kW (611 cv) e binários máximos acima dos 1000 Nm. Durante as etapas de desaceleração e travagem, até 240 kW de capacidade de recuperação/regeneração de energia.
No Macan Electric, a bateria com 100 kWh de capacidade pesa 570 kg, tem 12 módulos de 15 células prismáticas com fórmula química nova (mais densidade energética, maior capacidade de armazenamento de energia!), e está arrumada sob o piso, entre os eixos, o que otimiza a dinâmica desportiva de automóvel com repartição quase equitativa do peso (48%/52%), como é habitual nos desportivos da marca alemã. A potência máxima de recarregamento, de 270 kW, permite recuperar o nível de carga, de 10 para 80%, em menos de 22 minutos.
No Macan Electric, com motores nos dois eixos, a distribuição do binário entre as rodas dianteiras e traseiras é controlada de forma eletrónica e 100% variável, privilegiando-se a tração traseira. O sistema tem atuação dependente tanto das características como do modo de condução (Normal, Sport, Sport Plus e Off-Road), assim como da superfície ou da velocidade do veículo (e o sistema, poderosíssimo, reage a quaisquer mudanças em cerca de 10 milissegundos). Complementarmente, programa de vectorização do binário no eixo posterior (PTV Plus), que tem pneus mais largos e, pela primeira vez, apresenta competências direcionais, o que beneficia a agilidade em ambiente urbano e a precisão e a estabilidade, tanto em estrada como em autoestrada, para condução mais confiante e segura. A suspensão PASM, com amortecimento eletrónico, combina-se com as molas de aço ou pneumáticas. Os amortecedores de duas válvulas, novos, garantem controlo ótimo da compressão e da extensão, por realizá-lo individualmente.
CENTRO DE PRODUÇÃO EM LEIPZIG
A geração nova do Macan, decidiu-o a Porsche em julho de 2018, em simultâneo com a luz verde ao desenvolvimento de SUV equipado apenas com motores elétricos, fabrica-se no Centro de Produção de Leipzig, na região da Saxónia, na Alemanha. A empresa de Estugarda inaugurou a infraestrutura em 2002, originalmente para produzir o Cayenne, e nunca mais parou de investir numa unidade que conheceu cinco expansões em cerca de duas décadas de atividade. Paralelamente, o número de trabalhadores nunca parou de aumentar, contando-se já mais de 4400.
No dia 4, a Porsche comemorou a produção de dois milhões de automóveis em Leipzig. Fê-lo com uma unidade do Panamera Turbo E-Hybrid. Diariamente, nesta unidade com uma área equivalente à de 400 campos de futebol, fazem-se 500 Macan e Panamera. A linha de montagem tem 3,576 km de extensão, com níveis de automatização abaixo de 10% (até 5% a 8%, dependendo da configuração de cada modelo), devido às exigências no domínio da personalização.
O arranque das atividades industriais da Porsche em Leipzig fez-se com o Cayenne, mas a produção deste SUV posicionado no topo da gama da marca alemã de desportivos foi relocalizada em Bratislava, na Eslováquia, em 2017, coincidindo com a entrada em cena da terceira geração. Em 15 anos, na Saxónia, fizeram-se 738 503 exemplares do modelo que alavancou tanto a recuperação financeira como o crescimento de uma empresa que não chegava a vender 30 mil automóveis por ano em 2002 – à época, no catálogo, tinha tão-somente o 911 e o Boxster. Em 2022, comercializou um recorde de 309 884!
CIRCUITO E ‘OFF-ROAD’ NO TURBO
A Porsche, recentemente, proporcionou-nos um primeiro contacto com a geração nova do Macan Electric, que aconteceu em Leipzig, e sendo os jornalistas conduzidos por pilotos da marca alemã, primeiro num circuito com 3,7 km (desenhou-o Hermann Tilke, rosto por trás de muitas pistas integradas no calendário do Mundial de F1), depois em percurso TT com 6 km de extensão, que incluiu uma passagem por vala de água com 100 metros de comprimento e 0,5 metros de profundidade, e uma transposição de rampa com 80° de inclinação. Em qualquer dos ambientes, ambos controlados, SUV com comportamento excecional.
A suspensão pneumática permite até mais 30 mm e menos 40 mm de altura, no frente a frente com a distância ao solo normal; os amortecedores novos são mais sensíveis ao modo de condução selecionado a cada momento, com o nível de firmeza do Sport Plus a distanciar-se bastante da suavidade do Normal; e a transmissão, sempre que possível, privilegia a tração traseira, e admite até o movimento por inércia do Macan, retirando o pé do acelerador, combinação de comportamentos que aumentam a eficiência.
Dinamicamente, combinando-se as competências tanto do chassis como do sistema de propulsão, versão Turbo explosiva! O primeiro controla todos os movimentos laterais e verticais da carroçaria, impedindo, por exemplo, que a dianteira afunde nas travagens e levante nas acelerações. O segundo tem fôlego muito acima da média, impressionando a forma como o Macan Eletric ganha velocidade – na categoria, garanto-o, não há nada mais desportivo, nem mesmo as versões térmicas mais potentes do… Macan. Fora de estrada, mais qualidades, com o SUV da Porsche a transpor quase todos os tipos de obstáculos sem problemas. Foram estas as impressões que registámos desde o banco do… passageiro.
Em Leipzig, estivemos em contacto com protótipos do SUV, todos ainda com o exterior e o interior devidamente camuflados. Entretanto, a marca alemã divulgou uma primeira imagem do painel de bordo e, no Macan Electric, adoção do Porsche Driver Experience estreado no Taycan e já disponível nas gerações novas do Cayenne e do Panamera. Tem monitores digitais para a instrumentação (12,6’’), o sistema multimédia (10,9’’) e o passageiro sentado ao lado do condutor (10,9’’). Apenas o terceiro figura na lista de equipamentos opcionais, a exemplo do Head-Up Display com sistema de realidade aumentada que parece projetar imagens 10 metros à frente do automóvel, numa superfície com 87’’. O volante desportivo é partilhado com o 911 e integra o seletor de modos de condução (encontramo-lo à direita). Neste comando rotativo, ao centro, ativa-se o controlo de arranque da Porsche – o Sport Response prepara todos os órgãos do automóvel para 20 segundos de pico de potência (leia-se poder de aceleração vertiginoso!), que os pneus de medida 255/45 R21 nas rodas dianteira, e 295/40 R21 nas traseiras, no caso da variante Turbo (jantes de 22″ em opção) colocam no piso de forma exemplar, devido à aderência fora de série.
Finalmente, o arranque faz-se por botão no painel de bordo, na posição habitual nos modelos da Porsche (à esquerda do volante) e, apenas na zona dianteira do habitáculo, encontra-se faixa luminosa com 56 LED que asseguram tanto a iluminação ambiente como a comunicação de alertas e outras informações importantes ao condutor. E os alemães prometem, também, potencial quase ilimitado de personalização do automóvel, como exigem os clientes dos fabricantes que competem entre a elite do mercado premium (luxo).