SUV com mais de cinco metros de comprimento partilha arquitetura elétrica e plataforma com o EV6, podendo ter 6 ou 7 lugares, e tração traseira (204 cv) ou às quatro rodas (385 cv)
A Kia, regularmente, renova o compromisso com o programa de eletrificação assumido durante os primeiros anos da década de 2010. O plano está a ganhar velocidade para garantir que o fabricante sul-coreano cumpre, também, o objetivo de vender 1,6 milhões de automóveis elétricos em 2030 (37% da produção estimada para esse ano).
Agora, a novidade é o EV9, SUV que partilha a arquitetura elétrica de 800 Volt, e a plataforma E-GMP, que o EV6 estreou em 2021 – mas tem a particularidade de posicionar-se no topo da gama, como alternativa a propostas como o Audi Q8 e-tron, o BMW iX, o Mercedes EQE SUV, o Volvo
EX90 ou o Tesla Model X. A empreitada é ambiciosa, mas a Kia apresenta-nos o EV9 não com ambição de vendê-lo de forma massiva, mas como ferramenta importante para a promoção da imagem e do valor de marca com crescimento assinalável no mercado europeu (416 715 unidades vendidas em 2020, 502 677 em 2021, 542 423 em 2022). Esta tendência manteve-se no primeiro trimestre de 2023 (148 571 unidades), da mesma forma que as matrículas de produtos eletrificados valem quota cada vez maior (atualmente, fasquia já acima dos 30% – com 31,0%, contra os 27,8% contabilizados no ano passado).
O EV6 foi o primeiro automóvel elétrico da Kia baseado em plataforma dedicada, e este EV9 é o primeiro Sport Utility Vehicle (SUV) com o mesmo pacote técnico e tecnológico. O novo topo de gama mede 5,010 m de comprimento e 3,100 m entre eixos, dispõe de bateria de iões de lítio com 99,8 kWh de capacidade e tem tração traseira ou quatro rodas motrizes. Na primeira configuração, motor com 203 cv/350 Nm, máximo de 563 km entre recargas (devido à tecnologia de 800 Volt, mais 239 km em 15 minutos, com acesso a terminal de carga ultrarrápido). Na segunda, um motor de 192 cv por eixo, rendimento combinado de 384 cv/700 Nm, e 505 km de autonomia. O SUV acelera de 0-100 km/h em 6,0 segundos (5,3 segundos na versão GT-Line), e tem velocidade máxima limitada a 200 km/h.
O Kia EV9, revelado, originalmente, no Salão de Nova Iorque, em abril, tem painel de bordo digitalizado (lado a lado, no Triple Panoramic Display, três monitores, com 12,3’’ para a instrumentação, 5,3’’ para a climatização, e 12,3’’ para o sistema de infoentretenimento, que reage tanto a comandos táteis como a instruções vocais), e Nível 3 de condução autónoma (Highway Driving Pilot entre as muitas tecnologias disponíveis).
A gama apresenta-se muito simplificada, com a versão de tração traseira disponível apenas em combinação com o nível de equipamento First Edition, por €77 500 (€60 990+IVA para empresas, que deduzem o imposto à taxa máxima de 100%, e não pagam tributação autónoma, por tratar-se de elétrico…); e a variante de tração total a ser proposta em exclusivo com o nível GT-Line, por €89 900 (€67 990+IVA). Nas duas versões, com apontamentos exteriores e interiores específicos (jantes de 19’’ na primeira, e de 21’’ na segunda, entre outros elementos distintivos), habitáculos com sete lugares, todos capazes de transportar adultos sem apertos, e muito espaço para arrumações – para a mala, anunciam-se três capacidades, em função da organização dos bancos: 333, 888 e 2393 litros.
A expectativa da marca é vender 150 unidades do EV9 por ano no mercado nacional, onde tem o objetivo de comercializar cerca de 8500 automóveis em 2024, mais 1500 que o previsto para este ano. O novo modelo 100% elétrico beneficia de uma garantia de 8 anos (ou 160 000 km), e paga Classe 1 nas portagens nacionais.
Na estrada, considerando quer as dimensões, quer as duas toneladas e meio de peso, o EV9 surpreende de forma positiva. O posicionamento da bateria entre os eixos beneficia o centro de gravidade e a repartição do peso, o que otimiza a estabilidade. A Kia não montou qualquer tipo de amortecimento adaptativo, por isso impressionando mais a capacidade da suspensão, que é independente tanto à frente como atrás. Os movimentos controlados da carroçaria em curva e nas mudanças repentinas de direção confirmam-no. Assim, mais agilidade e precisão. Simultaneamente, elogie-se a capacidade de filtragem das irregularidades do piso, o que melhora o conforto de rolamento, também por reduzir ruídos e vibrações.
No primeiro contacto com o EV9, conduzimos apenas a versão com tração traseira. O SUV move-se com rapidez assinalável e é reativo ao acelerador, devido à disponibilidade instantânea do binário máximo. O motor elétrico também atua nas desacelerações e travagens, por ativar a recuperação de energia, sistema que reduz, simultaneamente, a velocidade do automóvel. O Kia, na versão RWD, tem três modos de condução: Comfort, Eco e Sport. Mais duas notas: ergonomia correta e posição de condução sobrelevada.