Adrian Newey é reconhecido como um dos melhores projetistas na Fórmula 1 nas últimas décadas, assinando projetos vencedores em equipas tão diversas como Williams, McLaren ou Red Bull – para além de não perder a sua genialidade em eras muito diferentes da categoria rainha.
Apesar de ter passado por equipas de referência, o engenheiro britânico nunca passou pela Ferrari… não escondendo ao podcast Beyond the Grid que lamenta não ter trabalhado na Scuderia: ‘Emocionalmente, acho que sim, até certo ponto. Mas da mesma forma, por exemplo, trabalhar com o Fernando [Alonso] e o Lewis [Hamilton] teria sido fabuloso. Mas nunca aconteceu. Por vezes simplesmente são as circunstâncias’.
A primeira abordagem da Ferrari surgiu em 1993, mas Newey optou por recusar, como explicou: ‘A de 1993 foi muito tentadora. Eu saí, o Jean Todt tinha acabado de começar. Lembro-me de falar com ele sobre se devíamos contratar o Michael [Schumacher] ou não. […]. O principal motivo pelo qual não o fiz foi que o meu primeiro casamento falhou, por várias razões, mas provavelmente acima de tudo porque fui para as IndyCar, portanto durante a época estava a viver nos Estados Unidos da América. […]. Em 1993 estava no meu segundo casamento há um ano, não quis cometer o mesmo erro outra vez’.
Mais recentemente, o engenheiro falou com a Ferrari em 2014, mas aí as circunstâncias foram diferentes: ‘As minhas discussões com a Ferrari para 20214 foram puramente por frustração… […]. Não queria sair, mas estávamos naquela posição em que a Red Bull não produziu um motor competitivo na era turbo híbrida. […]. Fomos ver o Carlos Ghosn [antigo diretor-executivo da Renault], eu, o Christian [Horner] e o Helmut [Marko] para tentarmos pressioná-lo a avançar com o orçamento e perguntar como podiam libertar mais recursos, para que Viry-Châtillon pudesse acelerar o programa […]. E a resposta do Ghosn foi «Bem, não tenho interesse na Fórmula 1. Só estou lá porque o meu departamento de marketing diz que devia estar». E essa foi uma posição tão depressiva para estar’.
Segundo Newey, na altura a Renault era a única opção para a Red Bull, o que tornava a situação complicada do ponto de vista da motivação: ‘Sabíamos que a Mercedes não nos daria um motor, a Ferrari tinha um ótimo motor, mas usávamos Ferrari no início e eu afastar-nos-ia da Ferrari no primeiro ano para a Renault, porque eu acreditava, com razão ou não, que estando numa luta pelo título, a Ferrari nunca nos daria material igual. Portanto, estávamos presos com a Renault por muito tempo, olhando em frente para o futuro. E estar nesta posição, em que parecia que não podíamos ser adequadamente competitivos em qualquer momento visível do futuro, foi simplesmente estar num túnel muito escuro’.