Dani Pedrosa colocou um ponto final à sua carreira no MotoGP depois da temporada de 2018. Como acontece com grande parte dos atletas de elite, a reforma chega muito cedo e deixa um espaço por preencher, que no caso do «Pequeno Samurai» foi colmatado com a mudança para a Red Bull KTM como piloto de testes.
Quase seis anos depois de se retirar, o espanhol falou ao podcast Por Orejas, do site Motorsport.com, de como se tem sentido: ‘Estou a desfrutar muito desta fase da minha vida. Quando me retirei, e as pessoas sabem disso, senti-me triste por deixar a competição – apesar de a decisão ter sido minha e de ter entendido que era o momento para mim. Mas, ainda assim, competir foi o que amei toda a minha vida e não gostava de treinar, não gostava da pré-temporada, não gostava mais além da competição pura’.
Posto isto, Pedrosa reconheceu que houve um momento em que ficou um vazio: ‘É certo que tens um momento no qual fazes a mudança… é um bocado quando vais de férias: deixas o trabalho, vais de férias, e pensas: «Que bom, finalmente o descanso, já não tenho a pressão ou o telefone não está a tocar, nem tenho de estar a ver os emails». Mas quando isso já não volta, fica-te um vazio, porque quando fizeste isso desde os 15 anos como no meu caso e de muitos outros pilotos e desportistas de elite […]. E ninguém te prepara, nem ninguém te avisa para esse buraco, para esse abismo que há’.
O #26 apoiou-se na ajuda de Sete Gibernau, podendo encarar o fim de carreira de forma diferente – também graças ao aparecimento do cargo de piloto de testes na KTM:
– No meu caso, posso garantir que tive a sorte de o Sete Gibernau me ter avisado: ele disse-me. Ele esteve comigo nos últimos anos, ele disse-me: «Logo verás que esta fase é complicada, acontecem estas coisas». Eu já sabia o que existia, não caí nesse abismo sozinho. E a experiência prévia dele ajudou-me muito. Cais da mesma forma, o salto para o vazio é o mesmo porque os sentimentos são esses: e agora o que faço, como preencho este grande vazio que fica assim? Mas quando estás consciente de que estás nessa fase, vives de forma diferente e por sorte tive a escolha de estar na KTM e fazer este papel diferente na minha carreira desportiva – que, quer queiras, quer não, é diferente: já não estás no olho do furacão, já não és o menino bonito de todos os fins de semana que estás debaixo dos holofotes. Mas continuas numa moto, continuas envolvido num projeto, ajudas a equipa a ganhar. Tudo isso foi algo que me preencheu muito – de outra maneira, mas foi-me preenchendo muito e isso ajudou-me na transição da competição para uma vida mais normal.