Raúl Fernández entrou no ano passado na RNF – que em 2024 deu lugar à Trackhouse Racing. Depois de uma estreia complicada no MotoGP com a Tech3 numa KTM, era um novo começo que o piloto viveu com entusiasmo, mas rapidamente se tornou muito complicado e não teve os resultados esperados.
Numa entrevista ao PecinoGP, o espanhol recordou a sua temporada do ano passado: ‘Foi difícil. Para mim foi um bocado como o vivi, porque houve um momento da temporada em que tudo se juntou, não me saía nada. Era difícil gerir tantas emoções ou tantos momentos difíceis sem desfrutar. O problema é desfrutar, e penso que isto é importante. Eu disse-o, digo e direi sempre – penso que para mim o mais importante é desfrutar em cima da moto, e quando não desfrutar, terei de ir para casa porque não gosto disto’.
Apesar de estar entusiasmado inicialmente como aconteceu na Tech3, Fernández explicou que a situação de 2023 não foi idêntica: ‘Foi muito diferente, porque eu via que tinha todas as armas. Tinha todas as armas e houve um momento em que não saía por causa de mim. Portanto, acho que isso foi o que mais me bloqueou. Sobretudo no início do ano penso que havia muita pressão em mim mesmo, porque vim de um momento muito difícil, mas ao mudar do ano resolves. O que aconteceu comigo? Pus muita pressão em mim mesmo, estava no MotoGP e no fim de contas o nível que há no MotoGP nunca se viu em termos de pilotos, de fábricas, de equipas, é impressionante. Juntou-se isso, juntaram-se os problemas no braço – acabámos por não dar conta, no fim do ano vimos que havia um problema porque nos custava muito a travar a moto e isto fazia com que nos cansássemos muito com os braços’.
Segundo o atual colega de equipa de Miguel Oliveira, o ponto de viragem deu-se na altura do verão passado: ‘A Aprilia fez um caminho que parece interessante para este ano. Até não ter sido operado estive bem e foi um bocado no verão, quando me sentei, também pensei em toda a minha vida a ver o que eu queria realmente, se eu estava feito para estar aqui. E, sinceramente, não consigo viver sem as motos. Portanto, a partir do verão consegui mudar um bocado de filosofia, começar a trabalhar, focar-nos em nós mesmos e acima de tudo trabalhar em desfrutar, esquecer-nos um pouco da posição em que estamos e desfrutar. E aí é que começou a mudança’.
E Fernández admitiu que a primeira parte da época de 2024 não foi fácil do ponto de vista mental: ‘Nada. No fim de contas comecei muito bem, subi à moto e em Sepang [nos testes] estive sempre perto do top dez e não entrei no top dez, que para mim era o ideal depois de vir. Mas creio que toda essa confiança, cheguei ao último dia de testes em Portugal, caí mal, lesionei-me e a partir daí já não estava confortável. Na corrida Sprint fui 11.º, muito bem, a lutar com o Brad [Binder], na corrida caí devido ao braço e começa a juntar-se tudo. E penso que tudo fugiu um bocado e perdi um bocado o rumo e não soube gerir bem’.