As decisões e inconsistência dos comissários de MotoGP voltam a dar que falar no GP de Itália. A decisão de não penalizar Miguel Oliveira (Trackhouse Racing/Aprilia) pelo incidente com Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha) na corrida Sprint não é consensual entre os pilotos. Aleix Espargaró foi um dos que questionou o desfecho. Em Mugello, o painel de comissários integra Andres Somolinos, Freddie Spencer e Tamara Matko.
O espanhol da Aprilia considera que os comissários atuais não são suficientes para o MotoGP: ‘A única coisa que eu digo é que tenho 100 por cento de certeza que eles tentam fazer o melhor, eles analisam tudo atentamente, eles estão a fazer tanto quanto podem, mas o nível não é suficiente, está muito longe do MotoGP. Se eu terminasse em 22.º em todas as corridas, dava tudo o que tinha, trabalhava no duro, passava dez horas na telemetria, não estaria aqui quatro anos – iria correr um ano, ou talvez dois, e depois iria para casa e alguém me substituiria. É assim que é a situação’.
Espargaró disse depois: ‘Na sexta-feira foi muito veemente na Comissão de Segurança a tentar dar a minha opinião à Dorna. Para mim é difícil, porque não quero falar mal sobre eles porque tenho a certeza que estão a fazer o melhor deles. Mas eles estão 20 anos distantes das corridas de hoje. Precisamos de alguém que tenha competido recentemente – não no ano passado ou há dois anos, mas não há 25 anos. Alguém que conheça o estilo de pilotagem do MotoGP atual, os pneus. Talvez eles possam continuar a fazer o trabalho deles, mas precisam de outra pessoa que conheça mais sobre o MotoGP em 2024’.
Questionado sobre se Cal Crutchlow poderia ser uma solução, o espanhol concordou: ‘Pode ser o Cal, sim. Talvez simplesmente um piloto de MotoGP que dê a opinião dele para os ajudar. Mas quando eles dão uma penalização por uma coisa e no outro dia exatamente a mesma coisa – a única coisa que muda é a cor da moto – é outra. Nós, pilotos, ficamos doidos! Por que é que na sexta-feira não houve penalização para o Oliveira? O Jorge [Martín] estava na pole position, estava fora da garagem. Mas eles disseram: «Ele estava a tentar o melhor dele». Não me importo! Eu também estou a tentar o meu melhor. É por isto que eles penalizaram bem o Pecco [Bagnaia] – ele estava a meio da trajetória, a competir, pode acontecer, mas é uma penalização. É difícil para nós estarmos relaxados e compreendermos isto’.
No entender de Espargaró, esse ex-piloto moderno no painel de comissários não tem de ser um que tenha lutado no topo: ‘Não, não. Alguém que tenha competido, que conheça mais ou menos as motos. Talvez o Michele Pirro por exemplo – ele compreende as motos, ele ainda compete um bocado. Ele só me veio à cabeça, há vários, vários pilotos. Mas depois do incidente de Jerez com o [Brad] Binder fui lá à tarde para tentar explicar-lhes a minha opinião para os ajudar. Porque eles nos disseram: «Por favor, venham e tentem ajudar com o que quiserem». Portanto, fui lá e perguntei: «Por que é que não houve penalização para o Brad nesta ação com o Pecco?». «Ah, foi só um confronto porque não havia espaço». Sim, mas não havia espaço porque ele pôs as duas rodas no corretor, ele estava fora de controlo, fora da trajetória. Portanto devia ser uma penalização. Eles não entendem’.