A Astara, pela terceira vez, e de forma consecutiva, prepara-se para acelerar no Dakar, o rali-raide mais importante e mediático do desporto motorizado. A edição de 2024, a ter lugar de 6 a 9 de janeiro, é a 46ª da história da competição, e a 5ª organizada integralmente na Arábia Saudita. Aos comandos dos dois 02 Concept inscritos na categoria automóvel de topo (T1 Ultimate), buggies com tração só às rodas traseiras (T1.2) e mecânicas 2.9-V6 2. biturbo de origem Audi alimentadas por combustível sintético – combustão sem emissões de CO2! –, uma espanhola, Laia Sanz, apoiada pelo italiano Maurizio Gerini, e uma uruguaia Patricia (Pato) Pita, com o chileno Paolo Boggioni como navegador. Óscar Fuertes lidera equipa com mais de 30 membros, que inclui três mecânicos portugueses.
A apresentação do Astara Team para o Dakar de 2024 realizou-se em Madrid, Espanha, no quartel-general da empresa que atua na área da mobilidade e mantém negócios em 19 países, nomeadamente em Portugal, onde detém a representação de fabricantes de automóveis como Kia, Mitsubishi, Aiways, Fuso, Maxus ou Isuzu – em 2022, matriculou 10 803 viaturas novas no nosso País, e a expetativa para este ano é de crescimento.
A Astara, com o 02 Concept do fabricante sul-africano Century, ambiciona só o “melhor resultado possível”, o que significa, à partida, cumprir os cerca de 5000 km do rali com início em Al Ula, a 5 de janeiro, e fim em Yanbu, a 19 do mesmo mês, depois de cumpridos um prólogo e doze etapas ao cronómetro, a maioria em dunas do deserto da península arábica. Tanto mais que o favoritismo à vitória recai nos suspeitos do costume, também por disporem de orçamentos e recursos muito maiores, os casos de Toyota, Audi, Prodrive ou Ford (a marca da oval azul, com a Ranger T1+, estreia-se oficialmente no Dakar nesta edição…).
Nasser Al-Attyah, vencedor do rali em 2011, 2015, 2019, 2022 e 2023, após o final do contrato com a Toyota, apresenta-se aos comandos do Hunter da Prodrive, e tem como companheiro de equipa Sébastien Loeb, francês com nove títulos e 80 vitórias no WRC, mas nenhum triunfo no Dakar em sete participações, ao contrário do catari, que iniciou a contagem decrescente para a 20.ª entrada em ação nesta maratona!
O projeto da Astara diferencia-se tanto pelo recurso ao combustível sintético, forma de diferenciar-se pela positiva entre os carros em competição, como pelo facto de apostar em duas mulheres para a condução dos 02 Concept com cerca de 300 kW (408 cv) e velocidade máxima limitada a 170 km/h (outra novidade para 2024). Sanz, 65.ª em 2023, com o 01 Concept, prepara a 14ª participação no Dakar, terceira consecutiva em quatro rodas, depois de onze sobre duas (no currículo da espanhola, zeros abandonos e 9ª posição em 2015!). Pita estreou-se no ano passado, num T3 (categoria em que pontificam os SSV), e compete pela primeira vez num carro, e logo na categoria principal da competição.
“Podemos ser rápidas… Talvez preferíssemos outro tipo de percurso, mais rápido e com menos dunas, mas estamos preparadas para o que temos pela frente”, garantiu Sanz, a companheira de Mattias Ekström na equipa de Carlos Sainz que compete no Extreme E. “Em 2022, aprendi muito. Esta competição testa os teus limites. Tenho experiência nos ralis, mas não posso comparar o que já fiz na América do Sul com o que tenho à espera na Arábia Saudita. Estou a cumprir um sonho e ambiciono vivê-lo da melhor forma que conseguir, etapa a etapa, com o objetivo de chegar ao final e bem classificada», disse a uruguaia filha e sobrinha de ex-pilotos de ralis. Recentemente, em Marrocos, a equipa realizou o ensaio geral para o Dakar, com a grande maratona já na linha do horizonte.