Têm sido abundantes os rumores dos últimos dias sobre a situação da CryptoDATA RNF MotoGP. Entre dívidas e alegados novos proprietários, muita tinta tem corrido em torno da equipa satélite da Aprilia.
Este sábado, a imprensa internacional especulou sobre a aquisição iminente por parte da Trackhouse Racing – cuja confirmação se esperava para uma conferência de imprensa que aconteceu ontem ao fim da tarde em Valência deixando mais dúvidas do que questões esclarecidas.
Finanças da equipa e Razlan Razali
Num comunicado, a RNF MotoGP Team assegurou a inexistência de dívidas à Aprilia ou a fornecedores, para além de negar veementemente uma eventual mudança de proprietário nesta fase. Certo, e confirmado, é a saída de Razlan Razali do cargo de diretor de equipa. No entanto, por enquanto mantém 40 por cento das ações – os outros 60 por cento são da CryptoDATA.
Fonte da RNF assegurou ao MotorcycleSports que não houve qualquer venda. Na nota à imprensa de ontem, foi também revelado que será efetuada uma auditoria interna às contas da equipa. Em causa podem estar despesas avultadas operadas por Razali com viagens, acomodações e não só – que não as terá conseguido justificar. O malaio terá, alegadamente, impedido a CryptoDATA de movimentar a conta bancária – o que foi suportado ao MotorcycleSports com supostos documentos oficiais. Razali terá de pagar as despesas que eventualmente se revelem injustificadas, sob pena de perder os 40 por cento.
Em entrevista à SportTV este domingo, o diretor-executivo da Dorna, Carmelo Ezpeleta, deixou a garantia de que Miguel Oliveira estará em melhores condições: ‘Porque sei das coisas, sei quem vem, sei o que nos disseram, sei o que se passa na Aprilia, e sei que o Miguel vai estar muito melhor do que este ano’, disse.
O dirigente espanhol rejeitou falar acerca das alegadas dívidas da RNF MotoGP Team, mas apontou: ‘Nós tomámos a decisão, que é sempre difícil de tomar porque acreditamos que é a melhor para o campeonato. O campeonato tem de ser estável, as pessoas têm de cumprir as obrigações que contraem por ter uma posição no campeonato, e vai correr melhor’.
Investidores americanos
A fonte que falou ao MotorcycleSports assegurou que a entrada do suposto investimento americano começou a ser abordada em agosto, numa primeira proposta de Ezpeleta que foi recusada. Houve uma segunda oferta, igualmente rejeitada por não ser considerada boa. E, alegadamente, tudo isto sem falar com a CryptoDATA RNF MotoGP Team.
Em termos contratuais, a CryptoDATA RNF MotoGP assegurou em comunicado que tem um contrato assinado até 2026. A única cláusula que permitiria que o lugar fosse tirado prende-se a questões de resultados desportivos – em condições que não se verificam. E, mesmo nesse caso, a Dorna teria de pagar uma compensação financeira para tirar a RNF do pelotão.
Posto isto, e apesar de por agora a equipa não ter sido vendida, a CryptoDATA RNF não descarta vender a equipa caso surja uma boa oferta. E, com o lugar no pelotão alegadamente prometido a investidores americanos – cuja identidade nunca foi oficialmente confirmada como sendo a Trackhouse Racing – o preço pedido não será baixo. Posto isto, segundo garantiram ao MotorcycleSports, neste momento, não há uma oferta concreta final para que a RNF MotoGP Team seja adquirida.
GP da Áustria
Também nos últimos dias, o site the-race.com escreveu que há uma questão de alegados pagamentos em atraso da CryptoDATA à Dorna relativamente ao patrocínio principal do GP da Áustria de MotoGP.
Porém, essa questão não está ligada à equipa, uma vez que os contratos são firmados por duas empresas diferentes. Para além disso, fonte da marca romena assegurou que os pagamentos estão em dia, conforme as tranches acordadas. Ao que garantem ao nosso site, este aspeto nunca poderá resultar em rescisão contratual da Dorna com a CryptoDATA RNF MotoGP Team.
Relação com a Aprilia
Na conferência de imprensa de ontem em Valência, foi anunciado um novo patrocinador da CryptoDATA RNF MotoGP Team – um festival de música romeno. Com toda a situação e rumores dos últimos dias, foi uma questão que passou à margem, havendo curiosidade reltivamente à situação aparentemente instável e de futuro incerto.
Neste evento, foi notada a ausência de responsáveis da Aprilia – que fornece motos, mecânicos e materiais à equipa. Algo justificado pelos dirigentes romenos dizendo que a relação com o construtor de Noale é de ‘negócios’.
Algo que acaba por ser, de certa forma, estranho, tendo em conta que a colaboração entre um fabricante e uma equipa satélite será, à partida, também no âmbito técnico. Até porque, neste caso, os pilotos Oliveira e Fernández estão contratualmente ligados à Aprilia e não à equipa.