O arranque da comercialização do renovado Renault Clio (a fase II da quinta geração) coincidiu com a marca das 500 000 unidades vendidas, só em Portugal. Número impressionante, que corresponde a uma média de mais de 40 exemplares por dia entregues num concessionário marca, desde que foi lançado, há 33 anos. Nenhum outro automóvel conseguiu chegar a tantos portugueses…
Portugal, e os consumidores portugueses, conheceram o Renault Clio durante o verão de 1990, após uma campanha de marketing inédita, que gerou curiosidade nas ruas de Lisboa e do Porto, subitamente cheia de ovos estranhos, gigantes, de cor vermelha. O impacto da estreia anunciava o sucesso de segmento B no topo das vendas de automóveis novos no nosso país há mais de três décadas.
Na realidade, apesar de ter herdado o legado de um modelo como o Renault 5 (na combinação de argumentos como habitabilidade, conforto, comportamento, economia ou relação qualidade-preço, por exemplo), por oferecer muitas vezes equipamentos e qualidades reservados aos segmentos superiores, o compacto também ganhou assinatura (publicitária) para a posteridade: «Clio: Grandes para Quê?».
O utilitário, que começou a ser projetado no final da década de 1980, sob o nome de código X57, devia abraçar uma nova era de modernidade, abandonando a designação numérica em favor de um nome. O marketing adorou a ideia, acreditando que seria mais fácil trabalhar com um nome do que com um número. A designação “Clio” é uma alusão à musa da história e da criatividade na mitologia grega, escolha certeira para um dos automóveis mais relevantes na história da marca e, também, de toda a indústria automóvel.
No Curriculum Vitae do utilitário da marca do losango, dois títulos de Carro do Ano na Europa (1991 e 2006), primeiro do segmento com 4 estrelas, primeiro, e 5 estrelas, depois, nos testes de colisão do consórcio EuroNCAP; e modelo responsável pela democratização, na categoria, do rádio com mostrador no painel de bordo, do ar condicionado automático, da navegação com ecrã a cores, do acesso sem chave através de cartão “mãos-livres”, etc.
Original e criativo
A originalidade no nome também se expressava na estética, que trocou as linhas angulares e vincadas do Renault 5, por um desenho muito mais suave e elegante. As cavas das rodas mais pronunciadas e a grelha pequena e quase “fechada” (o fornecimento de ar era feito, maioritariamente, por uma entrada generosa no para-choques frontal) davam um ar mais futurista.
Tal como no Renault 5, o capot estava ligeiramente inclinado para a frente, mas os puxadores das portas deixaram de estar integrados e à face da carroçaria, para adotarem um formato mais tradicional, que era semelhante nas versões de 3 e 5 portas. Na traseira, uma barra cinzenta unia os dois grupos de farolins.
De acordo com as contas da Renault, até ao dia 4 de dezembro de 2023, o Clio I, comercializado entre setembro de 1990 e março de 1998, permanece como a geração mais vendida, com um total de 172 258 unidades comercializadas: 139 124 nas versões de passageiros, e 33 134 enquanto comercial de dois lugares, tão popular na década de 1990 e no início do milénio.
Entre abril de 1998 e setembro de 2005, o Clio II assumiu-se como a segunda geração que mais vendeu em Portugal, com um total de 163 016 unidades: 112 471 na de passageiros, 50 545 como comercial ligeiro. Já o Clio III, vendido entre outubro de 2005 e novembro de 2012, conquistou o coração de 65 107 portugueses: 55 374 nas versões de cinco lugares. e 9733 nas de dois lugares. O Clio IV vendeu mais do que o anterior, com um total de 79 263 exemplares, entre novembro de 2012 e novembro de 2019: 71 705 como ligeiro de passageiros, e 7 558 como comercial ligeiro.
Desde setembro de 2019 e até 4 de dezembro de 2023, já foram comercializadas 23 108 unidades do Clio V – e, hoje, a versão híbrida já é responsável por 14% das vendas do modelo. Uma carreira comercial de enorme sucesso. que promete continuar, até por força da recente chegada ao mercado da versão revista e modernizada do Clio V, disponível em Portugal a partir de €19 400, com uma das gamas mais completas do mercado, incluindo motorizações híbridas, bi-fuel (gasolina e GPL), a gasolina ou a gasóleo.